O fechamento parcial do Pronto Socorro do maior hospital público da Região Central, no domingo, é mais um capítulo de uma história bem conhecida dos pacientes do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm): a superlotação.
Com macas nos corredores e na recepção e fila de espera por leitos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), a direção do Husm decretou, mais uma vez, que só entram no PS pacientes com traumatologia grave (vítimas de acidente de trânsito, por exemplo). No domingo à noite, foi preciso até intervenção da Brigada Militar quando duas ambulâncias da Samu chegaram trazendo dois baleados.
- Estamos seguindo um plano de contingência, onde reservamos leitos e salas de cirurgia para os casos graves. Na terça-feira, não marcamos nenhuma cirurgia para podermos dar atendimento aos casos que estão chegando - afirma a diretora do Husm, Elaine Resener, ressaltando que na segunda-feira sete pessoas esperavam por um leito de UTI.
O alento para quem sofre duas vezes (com a doença e com a inoperância da saúde pública) é a chegada, prometida para julho, da primeira leva de aprovados no concurso público da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que administra o Husm. Com mais funcionários, a direção do Husm pretende ativar salas que estão fechadas e ampliar o espaço físico de atendimentos.
250 serão chamados para PS, centro obstétrico e UTIs
Os 791 aprovados devem ingressar aos poucos e por ordem de prioridade. O primeiro grupo, com 250 (31,6%) dos aprovados, será chamado prioritariamente para áreas que mais carecem de falta de pessoal: o Pronto Socorro, o Centro Obstétrico, a Unidade Cardiológica Intensiva (UCI) e a Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTI). Na área administrativa, a prioridade são advogados e engenheiros. Os demais aprovados ainda não têm data para serem chamados.
Para que a meta seja cumprida, é preciso vencer as etapas burocráticas. As provas foram feitas. Faltam a divulgação oficial do resultado da prova teórica, provas de título (quando for o caso) e homologação do resultado. A intenção da direção é que esses sejam cumpridos até o começo de junho, o que possibilita que os concursados sejam chamados até 5 de julho, quando começa o período eleitoral e não se pode mais fazer nomeações.
Salas fechadas por falta de servidores serão abertas
Com a chegada dos primeiros profissionais, garante a direção, serão abertas novas salas de traumatologia e cirurgias, fechadas por falta de servidores. A diretora não diz quanto a nova estrutura representa em termos de atendimentos, mas está confiante que, junto com o projeto de expansão (leia mais no texto ao lado), determine o fim da superlotação no Husm.
- O concurso é um divisor de águas. Nos últimos 20 anos, nós só perdemos servidores, e não havia condições para se fazer um concurso desse porte. Passamos por tantas dificuldades em 2013, que considero esse avanço um presente que a cidade está recebendo - afirma Elaine.
O diretor-clínico do hospital, Arnaldo Teixeira Rodrigues, não é tão confiante quanto a colega. Em sua opinião, a superlotação será amenizada, mas não acabará.
- Vamos atender o máximo de pessoas e ocupar todas as áreas disponíveis. Os problemas vão melhorar, mas ainda não vão acabar.
O HUSM ORIENTA
- Desde domingo, o PS do Husm só recebe novos casos de traumatologia grave
- A orientação é que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) levasse os pacientes menos graves para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) e Pronto-Atendimento (PA) do Patronato. Os coordenadores das unidades devem entrar em contato com o Husm para avaliar as possibilidades de transferência de pacientes.